A Votorantim Cimentos da Unidade de Sobral oferece vagas de Estágio em duas áreas:
Day: setembro 25, 2019
Aplicativo de celular ajuda na socialização de crianças autistas
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é identificado por déficits ou falhas na comunicação e interação interpessoal e por comportamentos, interesses e atividades repetitivas e restritas. O diagnóstico chega, muitas vezes, ainda na infância. Atualmente, as tecnologias vêm se tornando uma grande aliada do processo terapêutico dessas crianças. É com essa visão que surgiu o projeto de extensão Tecnologia Educacional para Crianças Autistas (TECA), do Curso de Engenharia da Computação do Campus da Universidade Federal do Ceará em Sobral. O objetivo principal é produzir jogos educativos para crianças de 4 a 10 anos de idade.
Um deles é um aplicativo para celulares do sistema operacional Android que leva o mesmo nome do projeto. No site de divulgação do jogo, é possível conhecer mais sobre as metodologias de ensino e tratamento próprios para esse público. De acordo com o coordenador do TECA, Prof. Alexandre Fernandes, o app tem a finalidade de ajudar no desenvolvimento da criança, ensinar noções de cores, animais e atividades da vida cotidiana.
“É um jogo para estimular a socialização porque usa a técnica da realidade aumentada e no qual a criança é encorajada a buscar objetos e tirar fotos do ambiente”, explica o professor. Um dos principais focos do aplicativo é retirar as crianças autistas do isolamento social. Para isso, foram criadas fases nas quais outros participantes devem entrar para que se possa avançar no jogo.
O TECA atende hoje as crianças assistidas pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Sobral. Os bolsistas tiveram de conhecer melhor a rotina dessas crianças para desenvolver o trabalho. Todo o contato dos estudantes e do coordenador do projeto com elas foi intermediado pela psicóloga Shyrlane Souza. De acordo com a profissional, foi essencial essa convivência para que os extensionistas tivessem a sensibilidade de montar os jogos a partir das necessidades de cada uma.
TRABALHO EM COOPERAÇÃO
As reuniões com Shyrlane e as mães dos autistas foram importantes para desenvolver o aplicativo com foco na adaptação à realidade daquelas famílias. “As crianças autistas já têm maior vínculo com os celulares, e as mães já procuravam passatempos para elas. Foi uma novidade ter a possibilidade de montar esse jogo em conjunto”, explica a psicóloga.
A fase inicial do TECA foi encarada como um teste, e agora os estudantes buscam aperfeiçoar a tecnologia. Conforme Shyrlane Souza, foi aplicado um questionário com as mães, depois de utilizarem a primeira versão do jogo, para conhecer a opinião delas sobre o aplicativo. A resposta foi positiva: disseram estar satisfeitas com o conteúdo e que indicariam o app para outras pessoas.
Atualmente, a equipe está desenvolvendo a segunda fase do jogo, que terá diversas melhorias e aprimoramentos, com base nas sugestões e opiniões do questionário. Em breve, o aplicativo será disponibilizado para download de forma gratuita. Uma das preocupações, segundo o Prof. Alexandre, é a de que um maior número de pessoas seja atendida. Por isso, a escolha do sistema operacional Android, mais acessível. “O nosso foco não é fazer só ensino, pesquisa e extensão, mas de fato colocar esse produto de forma livre para qualquer pessoa”, ressalta.
Segundo o bolsista Milton Dutra, estudante de Engenharia da Computação, o TECA surgiu como um incentivador dos interesses dos alunos. Milton já era desenvolvedor independente de jogos digitais e entrou no grupo para aprimorar o aplicativo, sendo o responsável por realizar atividades na área do desenvolvimento técnico, criando novas fases dos jogos e resolvendo bugs do sistema. Mas, para além das potencialidades tecnológicas, o projeto transformou a vida do aluno.
“Eu nunca tinha tido contato com autistas antes. E interagir com elas foi sem dúvida uma experiência enriquecedora que vou levar para o resto da minha vida. É muito gratificante contribuir de alguma forma para a aprendizagem de pessoas que muitas vezes não recebem assistência, não têm tecnologias assistivas voltadas para suas necessidades. É maravilhoso poder contribuir na inclusão delas e fascinante conhecer a maneira diferente com que elas enxergam o mundo”, diz Milton.
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES
Para a mãe Socorro Fernandes, o jogo foi essencial para trabalhar a concentração e a atenção do filho autista. O pequeno Igor de 7 anos já tinha familiaridade com celulares antes mesmo do app. A mãe sempre baixava jogos para o menino, assim Igor não sentiu muitas dificuldades de adaptação com a tecnologia. Um dos pontos destacados por Socorro foi a superação de medos. “Meu filho tinha medo de balões. Agora, quando ele os vê no jogo, entende que os balões são uma comemoração [por ele ter passado pela fase que fazia referência a isso]”, diz.
O contato com os participantes foi muito tranquilo, de acordo com Socorro. Ela conta que o aplicativo foi instalado em outro celular, e a psicóloga comunicava as dificuldades e os acertos de Igor. Esse diálogo e a sensibilidade em atender as crianças foram fundamentais para levar o TECA a uma segunda fase. “Só tenho a agradecer pela experiência. Só de fazer um projeto desses mostra a sensibilidade que os estudantes têm pela causa”, finaliza Socorro Fernandes.
SAIBA MAIS
O projeto de extensão Tecnologia Educacional para Crianças Autistas (TECA) foi derivado do grupo de pesquisa e extensão Tecnologias Assistivas Educacionais (TAE), vinculado ao Campus da UFC em Sobral, que tem como foco o desenvolvimento de projetos de tecnologia para pessoas com deficiências e elaboração de estudos na área de educação. O TECA foi idealizado por Euclides Barrozo, atualmente mestrando em Engenharia Elétrica e de Computação em Sobral. Hoje, além dele, do Prof. Alexandre Fernandes, da Psicóloga Shyrlane Souza e do Desenvolvedor Milton Dutra, integram também a equipe Pedro Renoir (Desenvolvedor), Ester do Nascimento (Dubladora) e Ítalo Felix (Designer).
O contato com a APAE surgiu através de um ex-aluno do Curso de Engenharia da Computação, Francisco José Prado Júnior. Com paralisia cerebral, foi atendido pela associação quando criança e chegou a trabalhar na APAE durante a faculdade. O projeto de conclusão de curso dele também foi nessa área: produziu um mouse adaptado para pessoas com deficiência.
Clarice Nascimento, sob orientação de Narjara Pires
Fonte: Prof. Alexandre Fernandes, coordenador do projeto de extensão Tecnologia Educacional para Crianças Autistas (TECA) – (85) 99766.7792
Inovação e empreendedorismo: Campus de Russas entrega plataforma de automação à indústria de cimentos Apodi
Uma das mais modernas indústrias de cimento do Brasil já está utilizando uma solução tecnológica criada em parceria com a Universidade Federal do Ceará para melhorar o gerenciamento de suas atividades. Professores e estudantes do Campus de Russas trabalharam em conjunto com funcionários da Cimento Apodi por um ano e apresentaram nesta terça-feira (24) o resultado da cooperação: a Plataforma de Gerenciamento Autônomo de Moinhos Verticais de Cimento, que está sendo aplicada na planta da Apodi, no Pecém.
A plataforma consiste em um software de inteligência artificial que monitora todo o processo da etapa da moeção de cimento, realizada por um equipamento de aproximadamente seis metros de altura capaz de produzir, a depender do tipo, de 70 a 92 toneladas de cimento por hora. Esse gerenciamento automatizado confere ao processo benefícios como economia de água, de energia, maior produtividade e mais estabilidade nos processos.
“Essa parceria é importante não apenas para a Cimento Apodi e para a Universidade Federal do Ceará, mas é importante para toda a sociedade cearense. Há décadas tem se falado sobre o desvirtuamento entre a iniciativa privada e a Universidade. E o que nós estamos fazendo aqui é quebrar esse paradigma”, declarou Adauto Farias, presidente da Apodi, na cerimônia de lançamento da plataforma, realizada na fábrica do Pecém. Natural de Russas, ele afirmou estar “vibrando com essa parceria”.
Na ocasião, o Prof. Rodrigo Porto, coordenador de Inovação Tecnológica da Coordenadoria de Inovação Tecnológica da UFC, vincuIada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, parabenizou a equipe em nome da UFC. “Estamos extremamente satisfeitos com tudo o que vimos aqui, com a qualidade do que foi desenvolvido por esse grupo de estudantes e professores do Campus de Russas. Isso mostra a grande competência instalada na Universidade”, congratulou.
O projeto foi desenvolvido pelos estudantes Rafael Costa, Hismael Costa e Cintia Lima, do Curso de Engenharia de Software; Hévilla Sousa e Rilmar Farias, do Curso de Engenharia de Produção; e Alex Frederico, do Curso de Ciências da Computação, sob coordenação dos professores Dmontier Aragão, do Curso de Engenharia de Produção, e Alexandre Arruda, do Curso de Ciências da Computação.
“O foco era resolver um problema e ao mesmo tempo formar mão de obra e injetar recursos no nosso campus”, explica Aragão. Segundo ele, apesar da orientação e supervisão dos professores, “os estudantes foram extremamente protagonistas no processo”. Para que desenvolvessem o trabalho, a Apodi doou para o campus equipamentos relacionados ao projeto, além de custear viagens e todo o equipamento necessário para a produção.
Alex Frederico, recém-formado no Curso de Engenharia da Computação, é um exemplo da mão de obra que o projeto buscava formar. Após concluir a graduação, por obter êxito no estágio na Apodi, foi contratado como funcionário efetivo da empresa. “Quando você está na faculdade espera participar de coisas grandes e do que você gosta, e o projeto me proporcionou isso”, comemorou o engenheiro. “É muito bom ver uma coisa que você fez sendo colocada em prática e outras pessoas utilizando. É realizador”.
“Estou seguro que o resultado foi maior do que uma melhor eficiência, uma redução de temperatura. O mais importante disso é o que criamos. Intercambiamos muito conhecimento”, afirmou Emmanuel Mitsou, diretor-superintendente da indústria de cimentos.
De acordo com o Prof. Dmontier Aragão, com a finalização do software, as duas parceiras já estudam a ampliação da colaboração para que os estudos desenvolvidos pela UFC possam ser levados à fábrica da Apodi em Quixeré.
SUSTENTABILIDADE – “Essa também é uma iniciativa sustentável, pois há um uso considerável de água na produção no cimento, e o monitoramento reduz esse consumo de água e também o de energia. Neste equipamento, é utilizado o coque de petróleo [combustível sólido derivado do petróleo] e, ao reduzir esse consumo, além de diminuir custos, diminui o consumo de um combustível não renovável”, explica o Prof. Dmontier Aragão. Outro fator positivo para o meio ambiente é a redução da emissão de poluentes.
INTERIORIZAÇÃO – “O que a gente quer ressaltar é o poder que um campus do Interior tem de transformar não só a realidade das pessoas que estão no campus, mas da indústria, e fomentar o desenvolvimento econômico da região”, destacou o Prof. Dmontier Aragão. O Prof. Lindberg Gonçalves, diretor do Campus de Russas, declarou-se um grande defensor do desenvolvimento do Interior e disse que a entrega do projeto é uma resposta à sociedade, que é quem financia a Universidade. “Inovação gera mais empregos, gera mais competitividade, gera tudo de bom que se possa imaginar. Então temos que trabalhar nessa direção. Esse é um pontapé para o que vem por aí”, prospectou.