Um novo lote de 130 máscaras de proteção facial produzidas pela Universidade Federal do Ceará, os “face shields”, começou a ser distribuído nesta sexta-feira (24) para unidades de saúde no Ceará. Esses equipamentos de proteção individual (EPIs) funcionam como escudos para o rosto, evitando o contato direto dos profissionais de saúde com aerossóis com gotículas com o vírus.
Com essas, já são 1.230 máscaras entregues a várias instituições de saúde no Estado. Entre elas, o Hospital Waldemar de Alcântara, que validou o modelo desenvolvido pela equipe da Oficina Digital; o Hospital Leonardo da Vinci, hospitais regionais da zona Norte e Sertão Central, o Hospital-Maternidade Mãe Totonha (Madalena), além de UPAs, UAPs e secretarias municipais de saúde.
Os equipamentos foram entregues pela Oficina Digital, um dos laboratórios da UFC diretamente envolvidos na produção dos EPIs, ao Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) e ao Hospital Geral Waldemar de Alcântara, que cuidam da logística de distribuição para as unidades de saúde.
“Esses face shields são importantes equipamentos de segurança, principalmente, para quem, como eu, está na linha de frente e lida diretamente com aerossóis. São importantes para a gente se proteger e também para atender sem tanto medo”, diz a fisioterapeuta Aryadne de Oliveira Marques, do serviço de atendimento domiciliar do Hospital Waldemar de Alcântara.
As unidades a serem beneficiadas têm de se cadastrar na página da Oficina Digital, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Design (DAUD), para receber as máscaras, que são produzidas a partir de impressoras 3-D, máquinas de corte a laser ou plotters de recorte.
CAMPANHA – Para confecção dos EPIs, os pesquisadores deram início a uma campanha para doação de folhas de acetato ou de dinheiro para aquisição desses insumos. As doações em dinheiro devem ser feitas por meio da Fundação ASTEF.
Segundo o Prof. Roberto Vieira, um dos coordenadores da Oficina Digital, a capacidade de produção vem crescendo bastante devido às melhorias no processo produtivo, mas o grupo possui pedidos de mais 4 mil máscaras para instituições de saúde. Por essa razão há a necessidade de manter a campanha de doação de materiais.
No total, cerca de 30 voluntários vêm trabalhando na Oficina Digital, alguns de fora da comunidade acadêmica, o que mostra a dimensão que a campanha conquistou. A equipe está dividida em tarefas, como as de produção, comunicação, compra de material e logística.
Parte dessas máscaras tem sido produzida na casa dos voluntários, mas há um grupo de três pessoas que tem trabalhado diariamente nas dependências da Universidade para uso das impressoras e plotters do Curso de Design. Esse pequeno grupo é limitado justamente para evitar aglomerações.
REDE DE SOLIDARIEDADE – A produção das máscaras de proteção facial pela UFC é resultado de uma grande rede de solidariedade entre várias unidades da Universidade. De início, diferentes grupos de professores começaram a se perguntar, ainda de forma isolada, como poderiam ajudar nessa pandemia. A partir da constatação de que vários laboratórios da Instituição possuíam impressoras 3-D, fundamentais para a produção dos equipamentos, começou a haver uma articulação interna para organizar a produção de EPIs.
O projeto de angariação de impressoras e insumos foi coordenado pelos professores Danielo Gomes, docente do Departamento de Engenharia de Teleinformática, e Ismayle Santos, pesquisador do GREat; e pela coordenadora de Inovação Tecnológica (UFC Inova), Ana Carolina Matos. A esse processo seguiram-se a criação de campanha para arrecadação de acetato e outros insumos utilizados nas máscaras e a convocação de voluntários para ajudar nas tarefas.
Dessa rede, além da Oficina Digital, têm participado grupos como o Laboratório de Computação Física (Curso de Sistemas e Mídias Digitais), coordenado pelo Prof. Clemilson Costa Santos, responsável pela produção de EPIs distribuídos no município de Madalena e em UAPs de Fortaleza. O grupo agora tem se dedicado a inovações na área de EPIs, produzindo máscaras de proteção facial a partir de canos de PVC.
Do Campus de Quixadá, o Prof. Wagner Al-Alam, coordenador do Curso de Engenharia de Computação e integrante do Laboratório de Fabricação Digital de EPIs e EPCs, desenvolveu um protótipo de máscara e validou-o com profissionais de saúde do Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC). O grupo de Quixadá foi responsável pela segunda remessa das máscaras, encaminhando-as ao HGCC, ao Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (antigo Hospital da Polícia Militar) e à Farmácia-Escola da UFC.
Em Sobral, os integrantes do Programa de Educação Tutorial (PET) do Curso de Engenharia de Computação, tutorados pelo Prof. Iális Cavalcante, em parceria com o IFCE, doaram 18 máscaras de proteção facial ao Hospital Dr. Estevão.
A UFC também participa da força-tarefa de instituições cearenses que está desenvolvendo o protótipo de um capacete de respiração assistida chamado Elmo, um mecanismo de respiração artificial não invasivo que evita que o paciente seja entubado. A força-tarefa é composta pela UFC, Escola de Saúde Pública, Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Ceará) e Universidade de Fortaleza (UNIFOR). O protótipo está em fase final de ajustes e entrará em fase de teste clínico nesta semana.
Serviço: os interessados podem fazer doações para a produção de EPIs, se inscrever como voluntários na Oficina Digital e se cadastrar para receber as máscaras de proteção no site da Oficina Digital.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional – e-mail: ufcinforma@ufc.br