Sistema de previsão da COVID-19 criado na UFC indica estabilização da curva de óbitos em julho

Imagens gráficas de vírus vistos de um microscópioEstudos recentes de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará têm acompanhado de perto a conjuntura de saúde pública diante da pandemia do novo coronavírus. Análises sugerem que, por ora, há motivos para celebrar vitórias parciais nessa batalha. Segundo o Prof. André de Almeida, do Departamento de Engenharia de Teleinformática da UFC, projeções atualizadas para a COVID-19 em Fortaleza confirmam que o platô de contaminações foi alcançado no final de maio. Isso significa que o número diário de casos diagnosticados da doença tem se mantido estável, dando margem para uma resposta mais efetiva do sistema de saúde. 

“Acreditamos que a velocidade de novos casos tem apresentado uma redução, o que indica que a curva de infectados deve cair na Capital cearense neste mês”, afirma. O pesquisador desenvolveu o Sistema de Monitoramento Preditivo (SIMOP), modelo matemático inovador que acompanha a evolução da COVID-19 na Capital cearense. Almeida integra um grupo de trabalho composto por docentes do Centro de Tecnologia da UFC e pelo Observatório da Indústria, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC).

O SIMOP considera os impactos de casos assintomáticos, de subnotificações, da taxa de testagem, da saturação de leitos de enfermaria e de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e a evolução das hospitalizações. O sistema condensa dados da plataforma IntegraSUS, da Secretaria Estadual de Saúde, e se propõe a compilar uma série de informações complexas, para embasar tecnicamente a tomada de decisão dos gestores públicos.

Gráfico com a curva de óbitos por coronavírus dividida em três fasesPANDEMIA – Outro indicador da COVID-19 apontado diz respeito ao quantitativo de vítimas fatais pelo novo coronavírus. Desde meados de março, época do início da pandemia no Ceará, a curva de óbitos diários vinha subindo rapidamente, demonstrando o elevado registro de mortes no período e o grau de letalidade da doença. Para o próximo mês, entretanto, o SIMOP prevê que a maior parte dos óbitos em Fortaleza provavelmente já terá acontecido. 

“A curva mostra que estamos atualmente em uma fase de redução na velocidade de óbitos, e as projeções apontam para uma redução ainda maior desse número a partir de julho. Em torno do dia 15 de julho, aproximadamente 90% dos óbitos previstos deverão ter ocorrido, o que indica uma estabilização da pandemia na Capital“, explica.

TESTAGEM – Para acompanhar a trajetória da COVID-19 e definir estratégias de combate à pandemia, especialistas do mundo inteiro têm recomendado ampliar a oferta de testes de diagnóstico. Dessa maneira, é possível identificar os casos, mapear os possíveis contatos com pessoas infectadas e conter o avanço da doença. Entre a metade de março e a metade de abril, André Almeida destaca que houve um alto índice de subnotificação de casos em Fortaleza, com um número de infectados de 20 a 25 vezes maior, se comparado à estatística oficial.

“Com o passar do tempo, o aumento na quantidade dos testes realizados na população, sobretudo nos casos sintomáticos, fez com que o desvio entre as projeções do SIMOP e os números oficiais caísse para patamares bem baixos, indicando, portanto, que a subnotificação de sintomáticos caiu bastante”, define.

Gráfico que mostra a redução da taxa de ocupação de leitos dos atuais 90% para 65%DEMANDA HOSPITALAR – Um resultado importante da pesquisa avalia também a pressão causada sobre o sistema de saúde por conta do fluxo de pacientes infectados com o coronavírus. Pelos cálculos do SIMOP, entre 30 de maio e 24 de junho, a taxa de ocupação de leitos específicos para a COVID-19 em Fortaleza poderá cair dos atuais 90% para 65%. O Prof. André reforça que os dados se referem apenas à Capital, e não avaliam possíveis situações de colapso no atendimento hospitalar em municípios do Interior do Estado.

O pesquisador alerta que as futuras previsões do sistema podem se modificar, dependendo da adesão ao isolamento social, do aumento na quantidade de testes e da flutuação na disponibilidade de leitos. Nas próximas etapas da pesquisa, serão incluídos simulações de contato social, junto com o monitoramento da flexibilização da quarentena e da retomada gradual da economia.

“Acredita-se que a fase mais crítica de sobrecarga no sistema de saúde tenha passado. Não se pode descartar completamente uma segunda onda de contaminações, por isso, ainda precisamos manter o distanciamento social. A reabertura de atividades econômicas precisa ser feita com muita cautela, priorizando setores com menor risco, ou seja, aqueles que não acarretem aglomerações. É fundamental que a sociedade e o setor produtivo cumpram com rigor diretrizes e protocolos estabelecidos, procurando reduzir ao máximo situações de contato social”, conclui.

Confira vídeo explicativo com as previsões atualizadas do SIMOP

Leia mais: Pesquisadores investigam contágio da COVID-19 em Fortaleza; platô ocorrerá ainda em maio 

Fonte: Prof. André de Almeida, do Departamento de Engenharia de Teleinformática (DETI) da UFC – e-mail: andre@gtel.ufc.br

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *